Desde sempre, em todos os tempos e lugares, em todas as culturas e religiões, em todas as castas e classes sociais, homens e mulheres, costumam celebrar aspectos da vida individual, familiar, social e religiosa.
Celebrar é parte integrante da vida humana; na religião, entretanto, a celebração ocupa um lugar privilegiado, porque põe os homens e as mulheres em comunhão entre si e com o transcendente, através de símbolos e sinais.
No cristianismo, a celebração consiste na memória da morte e ressurreição do Senhor, que perpetua a História da salvação que Cristo veio trazer a todos. A Igreja anuncia e celebra o mistério pascal de Cristo na sua liturgia, a fim de que os fiéis dêem testemunho dele no mundo.
O início da liturgia cristã deu-se com a ceia do Senhor, que instituiu a Nova Aliança, a nova era da fé. A liturgia sacramental propriamente dita, iniciou-se em Emaús. Na primeira parte, ainda durante o caminho, Jesus usa da palavra para explicar a Escritura (faz homilia); na segunda parte, a chegada, há a descoberta e a compreensão do mistério quando Jesus abençoa, parte e distribui o seu pão de vida. Lucas dá à refeição uma forma litúrgica (eucaristia), a qual converte seus discípulos em mensageiros.
A palavra liturgia origina-se do grego leitourgía, que quer dizer ‘função pública’; na tradição cristã, quer significar que o povo de Deus toma parte na “obra de Deus”. A liturgia é obra (exercício sacerdotal) de Cristo e uma ação da sua Igreja, que se manifesta como sinal visível da comunhão entre Deus e os homens, através de Cristo. Pela liturgia participamos da oração de Cristo, dirigida ao Pai, no Espírito Santo e, também pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa redenção.
A liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte de onde emana toda a sua força. Ela é o lugar privilegiado da catequese do povo de Deus, através da qual se introduz o mistério de Cristo (por isso é mista lógica), procedendo do visível para o invisível, do significante para o significado, dos “sacramentos” para os “mistérios”.
Celebra-se a liturgia através de sinais e de símbolos. Símbolos são gestos, objetos, atitudes especiais que contêm e expressam, de forma analógica, a realidade evocada, que então aparece de outra maneira. Assim, na liturgia integra-se e santifica-se os elementos da criação e da cultura humana, conferindo-lhes significado e a dignidade de sinais da graça, da nova criação em Jesus Cristo.
Além de utilizar-se de símbolos, o culto cristão se expressa através de formas de celebração – rituais – que nos permitem experimentar a comunhão com Deus e com os irmãos.
Os rituais se repetem segundo os mesmos ritos e estes são necessários na liturgia, pois, não existe ação celebrativa sem eles. Os ritos podem ser diferentes e atingir o mesmo objetivo, a exemplo do que acontece com os diversos Ritos das Igrejas particulares que constituem a Igreja. Neles, são preservadas as tradições e a disciplina de cada Igreja particular – o que não altera a sua dignidade e tampouco faz com que uma preceda a outra – sem prejuízo da unidade da Igreja de Cristo.
A liturgia deve ser ritual, ambientada, feita de estímulos para os sentidos. O gesto é fundamental e importantíssimo. O rito mexe mais com o nosso lado emocional; assim, as ações rituais extrapolam a racionalidade, devem dirigir-se ao coração, com sentimento. Quem conduz a liturgia é o próprio rito. O rito é indispensável para fazermos liturgia, que é toda ritual. Por isso, o rito precisa ser “trabalhado”, precisa ser inteiro e participado.
O rito tem a sua própria dinâmica e possui um caráter altamente pedagógico, pois, através dele, se ensina e se aprende, naturalmente, através dos sentidos. A catequese, no início do cristianismo, era mistagógica, e podemos dizer que ainda o é nas Igrejas particulares de Rito Oriental.
Quando falamos em rito, podemos estar nos referindo às tradições litúrgicas ou ritos atualmente em uso na Igreja, tais como o rito latino (principalmente o rito romano, mas também o rito ambrosiano), os ritos bizantino, alexandrino ou copta, siríaco, armênio, maronita e caldeu. Podemos estar falando, também, do rito deste ou daquele sacramento; podemos estar falando, ainda, de rito central, de rito essencial, de rito complementar, de rito breve ou completo, de rito inicial ou rito final… Um sacramento, por exemplo, tem um rito central pelo qual é realizado, mas pode ter vários ritos que revelam o significado e a graça que Deus opera através dele.
O rito pode mudar, pode ser atualizado, pode ser adaptado, no tempo e no espaço, de acordo com o que prevê a Constituição Sacrosanctum Concilium, o Ritual Romano e as Conferências Espiscopais. Nenhum rito sacramental pode ser modificado ou manipulado ao arbítrio do ministro ou da comunidade.
As adaptações decorrentes da inculturação também carecem de ritualização.
O rito não deve demorar demais; ele tem uma função a cumprir e precisa fazê-lo eficientemente. Dispensa-se a sua explicação. Na verdade, ele fala (ou deveria falar, se bem feito) por si mesmo. Não faz sentido explicar os símbolos, os gestos e os sinais que fazem parte do rito. O rito suporta a palavra, mas não a explicativa, a descritiva; quando muito, a palavra poética.
Em que pese a sua necessidade e importância, o rito é fórmula, é modo de proceder, é meio e, como tal, não tem um fim em si mesmo. Não faz sentido se estiver descolado do mistério, que é de quem está a serviço.
Assim sendo, há que se cuidar para que não façamos dele o objeto, para que não privilegiemos o ritualismo, pois, reafirmando: no cristianismo, a celebração litúrgica consiste na memória da morte e ressurreição do Senhor, que perpetua a História da salvação que Cristo veio trazer a todos.
Ano Litúrgico
Celebração litúrgica não é recordar, comemorar ou festejar um fato que aconteceu, que pertence ao passado, numa tentativa de mantê-lo “vivo” na nossa memória. Deus está presente no nosso meio e disto sim é preciso que nos recordemos, para que nos unamos e nos comprometamos com ele. O tempo da liturgia é o tempo do ‘hoje’ da graça (autocomunicação de Deus) em que a palavra de Deus se torna vida.
Inicialmente, a Páscoa, celebrada em cada domingo, era o “centro vital e único da pregação, da celebração e da vida cristã”, e foi a partir dela que nasceu o culto da Igreja. Todo o ‘mistério’ de Cristo se concentrava na páscoa ‘dominical’, o dia do Senhor. Com o passar dos séculos, entretanto, essa concentração foi se distribuindo ao longo do ano, passando-se do ‘todo’ considerado na Páscoa à explicitação de cada um dos mistérios separadamente.
É provável que devido à influência das comunidades cristãs oriundas do judaísmo, tenha surgido a cada ano um ‘grande domingo’ como celebração anual da páscoa, ampliado para o tríduo pascal e, com o prolongamento da festa por cinqüenta dias, o Pentecostes. Depois do séc. IV, a necessidade de reviver cada momento do drama da paixão deu origem à formação da ‘semana santa’. A Quaresma nasceu inspirada nos ‘quarenta dias bíblicos’, como um período preparatório à Páscoa, tendo em vista a disciplina penitencial e respectiva reconciliação dos penitentes na manhã da Sexta-feira santa (séc. V) e a celebração do batismo na noite da Páscoa (já no início do séc. III).
O ciclo do Natal originou-se no séc. IV, independentemente da visão unitária do mistério pascal, respondendo à necessidade de afastar os fiéis das celebrações pagãs e idolátricas do ‘sol invicto’ que ocorriam no solstício de inverno (hemisfério Norte). Discussões teológicas ocorridas nos séculos IV e V encontraram no Natal oportunidade para afirmar a fé no mistério da encarnação. O advento surgiu no final do séc. IV, como um período de quatro a seis semanas objetivando a preparação das festividades natalícias.O culto dos mártires é muito antigo e está ligado à visão unitária do mistério pascal. O culto a Maria é posterior ao culto dos mártires; desenvolveu-se principalmente depois do concílio de Éfeso (431) e durante o período natalício com a comemoração da sua divina maternidade, tanto no Oriente quanto no Ocidente (séc. VI).
Conclui-se, então, que o ano litúrgico não foi histórica e organicamente planejado, mas se “’desenvolveu’ e ‘cresceu’ de acordo com critérios de vida da Igreja, relacionado com a riqueza intrínseca do mistério de Cristo, com as múltiplas situações históricas e conseqüentes exigências pastorais”, sendo que as reflexões teológicas sobre o mesmo aconteceram somente depois e sobre evoluções já ocorridas.
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como está organizado o ano litúrgico
O ano litúrgico é “o mistério de Cristo presente no decurso do tempo” (SC 102). Em outras palavras, como ressalta o Pe. José Ariovaldo da Silva, “o mistério de Cristo é celebrado e vivido pelos cristãos como presença viva, que nunca passa, no nosso tempo que vai passando”. Toda semana, no domingo – o dia do Senhor – celebra-se a ressurreição; porém, o mistério de Cristo se desdobra por todo o ano: encarnação, nascimento, paixão, morte, ressurreição, ascensão, pentecostes e, novamente, a expectativa, cheia de esperança, da vinda do Senhor. Assim, estrutura-se no Ciclo do Natal e no Ciclo Pascal intermediados pelo Ciclo ou Tempo Comum 1ª e 2ª partes.
O Ciclo do Natal compreende: 1) Tempo do Advento (= vinda), período de preparação ao Natal originado na Gália e na Espanha, mais tarde assimilado em Roma. Ocorre nesse período a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria; 2) Tempo do Natal, incluindo o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Domingo da Epifania do Senhor e o Domingo do Batismo do Senhor. Ocorrem nesse período o Domingo da Sagrada Família e a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
O Ciclo Pascal compreende: 1) Tríduo Pascal; 2) Tempo da Páscoa, desde o Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes, o qual é precedido pelo domingo da Ascensão do Senhor; 3) Tempo da Quaresma, a partir da quarta-feira de Cinzas (ocorre nesse período a Solenidade da Anunciação do Senhor) e Semana Santa, a partir do Domingo de Ramos e da Paixão.
O Ciclo ou Tempo Comum divide-se em: 1ª Parte, da segunda-feira que segue o Domingo do Batismo do Senhor até a terça-feira de Carnaval. Ocorrem nesse período a Apresentação do Senhor e as memórias dos santos; 2ª Parte, da segunda-feira depois de Pentecostes até a véspera do 1º domingo do Advento. Ocorrem nesse período o Domingo da Santíssima Trindade, a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Festa da Natividade e a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Domingo de Todos os Santos e o Domingo de Cristo Rei, além das festas e solenidades dos Santos. Durante o Tempo Comum vive-se os “domingos em estado puro, o tipo do domingo cristão, o típico Dia do Senhor”.
O ano litúrgico transcende o tempo físico e o ano civil. Embora principie com o primeiro domingo do Advento, segundo Ione Buyst ele “não tem começo nem fim” (. . .) Se olharmos para o sentido do Advento, ele é tanto “fim”, quanto “começo” (. . .) Nós, cristãos, consideramos a vida e a história como uma grande caminhada, que só terminará quando nos encontramos todos na casa do Pai, na Cidade de Deus, na “nova Jerusalém”, no Reino definitivo, como Deus prometeu”.
Equipe Geral de Liturgia
Na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, há diversos grupos responsáveis pelas celebrações eucarísticas (ex.: missa do sábado, às 16h; missas do domingo: às 7h, 9h, 10h30 e 18h30), celebrações sacramentais (ex.: batismo, crisma, primeira eucaristia) e outras celebrações litúrgicas.
Contudo, seus representantes reúnem-se mensalmente, para conhecer e refletir sobre a liturgia e sobre o Ano Litúrgico, bem como planejar, decidir, organizar e avaliar as atividades comuns. O grupo atua sob a coordenação de dois membros, eleitos pelos demais, e conta com o apoio de um secretário, que registra as decisões. O Pe. Tarcisio acompanha e orienta os trabalhos.
A Equipe Geral de Liturgia procura animar, à luz da Palavra de Deus, a vida sacramental e fraterna da Comunidade Paroquial. Preocupa-se com a formação dos que auxiliam nas celebrações litúrgicas, e elabora e direciona as celebrações, conforme o calendário litúrgico, repartindo entre as equipes as respectivas responsabilidades.
Nossas equipes
Segunda-feira
Quinta-feira
Sábado
Conheça a Luiza e a Sueli, integrantes da equipe.
Luiza Rechi Manprin, viúva há 23 anos, participa da Bom Parto há 43 anos, tem duas filhas e dois netos; pertence ao Apostolado da Oração, ao Grupo dos Vicentinos, e à Pastoral da Saúde. Luiza define a paróquia como sua segunda casa. No futuro deseja ver a igreja toda reformada, tendo expectativa de que fique ainda mais bonita. O que mais a agrada na paróquia, em primeiro lugar, é Jesus Cristo, depois seus amigos e amigas e, entre eles, o padre Tarcisio, a quem diz ser grata porque a apoiou quando seu marido foi assassinado num trágico assalto há 23 anos aqui mesmo no Tatuapé; naquela ocasião, padre Tarcisio soube da tragédia e estava atuando na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, chamou-a e consolou-a de tal modo que Luiza afirma que este momento tornou-se ocasião de uma mudança boa e forte em sua vida. Mulher de sorriso fácil e sempre atenciosa, é assídua nos grupos que frequenta e em nossas celebrações dominicais, especialmente na das 7h30 e das 18h30. |
Sueli Passini Cantamessa, quando criança, frequentou por muitos anos a Bom Parto; a seguir foi para a Paróquia Cristo Rei e, ali, fez Primeira Comunhão; casou-se, e ficou um tempo afastada da Igreja. Separada do esposo, há 15 anos voltou a frequentar assiduamente a nossa comunidade. Participa do Apostolado da Oração, da Pastoral da Saúde e pertence à Equipe de Liturgia da Missa das 16h do sábado. Teve dois filhos, mas um já faleceu. Afirma ter grande amor pela Bom Parto, comunidade na qual sente-se bem acolhida. |
O grupo se reúne toda última segunda-feira de cada mês às 20h.
Os interessados podem obter informações a respeito na secretaria paroquial.